segunda-feira, 20 de junho de 2011

PARADOXO DÓI

Na minha infinita imperfeição e sublime pequenez, ainda não consigo admitir...

que a mesma mão usada para afagar um filho possa empunhar uma arma e barrar a existência de um irmão;

que a mesma boca que declara a paixão possa destruir a esperança daqueles que, muitas vezes, mais amamos;

que os mesmos olhos que contemplam as maravilhas do universo estejam sempre fechados aos que, realmente, precisam ser vistos;

que os mesmos ouvidos que agraciam uma suave sinfonia possam olvidar aqueles que bradam por socorro;

que a mesma mente que descobre o átomo nunca tenha pensado em como encobrir a miséria e destruir as diferenças;

que o mesmo coração que grita o amor possa se calar em ódio e vingança, fazendo do ser reduto de rancor e mágoa e trilho contrário a ordem natural de todas as coisas.

Dói... é claro que dói! Porque, como já dizia o menestrel: ‘Paradoxo dói...’

E no meu planeta, eu sentei e chorei, por sentir quão longe estamos de tudo aquilo que seria necessário para que fossemos dignos de existir; para que fossemos dignos do dom que recebemos: a vida!


Felipe Amorim - abril/2008

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